No filme O Jogo da Imitação, acompanhamos a brilhante história de Alan Turing, interpretado por Benedict Cumberbatch, enquanto ele trabalha para decifrar os códigos da máquina Enigma, utilizada pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Esse filme oferece uma oportunidade incrível para entender um dos pilares fundamentais da tecnologia moderna: a criptografia.
Criptografia no Tempo de Turing
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Enigma era uma máquina extremamente complexa para a época. Ela utilizava uma série de rotores e ajustes que mudavam diariamente, permitindo 159 trilhões de combinações possíveis para as mensagens codificadas. Decifrar esse código, mesmo com o poder de um grupo de matemáticos brilhantes, exigia o trabalho árduo de máquinas e longas horas de cálculos.
Alan Turing desenvolveu uma máquina chamada “Bombe”, que automatizou parte desse processo de decodificação. Esse avanço não só encurtou a guerra, mas também deu início à era dos computadores e da criptografia moderna. Na época, a segurança da criptografia era baseada na complexidade dos sistemas físicos (como a Enigma) e na capacidade limitada dos humanos e máquinas em testar todas as possíveis combinações em tempo hábil. Ainda assim, o poder computacional de Turing e sua equipe conseguiu superar essa barreira.
Criptografia Moderna
Avance para os dias atuais, e a criptografia é mais importante do que nunca. Seja no seu celular, nas suas transações bancárias ou em comunicações confidenciais, usamos criptografia o tempo todo. A diferença principal? A potência dos computadores de hoje permite que sistemas muito mais avançados protejam informações de forma praticamente impenetrável. Atualmente, algoritmos de criptografia como o AES (Advanced Encryption Standard) utilizam chaves de 128, 192 ou 256 bits. Para efeito de comparação, uma chave de 128 bits teria cerca de 3,4 x 10^38 combinações possíveis. Acredite, este número é assustadoramente grande. Mesmo os supercomputadores mais rápidos levariam bilhões de anos para tentar quebrar essa cifra.
Em termos de performance, se compararmos o poder de processamento da época de Turing com os computadores modernos, os números são impressionantes. A máquina de Turing, a “Bombe”, conseguia testar cerca de 1.000 combinações por segundo. Hoje, um supercomputador como o Summit, o mais rápido do mundo, processa em torno de 200 quadrilhões de cálculos por segundo. Isso significa que os métodos de criptografia de hoje podem contar com um poder computacional inimaginável no tempo de Turing.
Comparação Numérica
- Máquina Enigma (1940s): trilhões de combinações, com rotores manuais.
- Turing Bombe (1940s): cerca de 1.000 combinações por segundo.
- AES 128 bits (hoje): 3,4 x 10^38 combinações possíveis.
- Supercomputador moderno (Summit): 200 petaflops (200 quadrilhões de operações por segundo).
Essa comparação mostra não só como a criptografia evoluiu em termos de segurança, mas também como o poder de processamento aumentou exponencialmente.
Vale a Pena Assistir?
O filme não é apenas uma biografia; é um retrato emocionante de um homem que, apesar de suas conquistas inigualáveis, enfrentou preconceitos e isolamento. O Jogo da Imitação oferece uma visão única sobre como a genialidade pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição, especialmente em uma época de guerra e de valores sociais rígidos. Além de explorar a vida de Turing, o filme também nos introduz ao universo da criptografia durante a Segunda Guerra Mundial, destacando a importância do trabalho de decifração dos códigos nazistas. Esse é um aspecto fascinante para quem se interessa por história, tecnologia ou mesmo pelos desafios matemáticos que moldaram o mundo como o conhecemos.